Estudo sobre os evangelhos
- Dernival Silva

- 7 de set.
- 9 min de leitura
OS EVANGELHOS SINÓPTICOS
Sinótico de relativo ou semelhantes. Os quatros evangelhos são chamados assim devido a relatividade teológico que eles tem. Agradou a Deus que fossem escritos quatros evangelhos semelhantes, por pessoas diferentes, pois os evangelhos são testemunhos que comprovam a veracidade de Jesus Cristo, sua vida, sua história, seu caráter, divindade e perfeição.
Conhecer a história da vida de Jesus e seus discípulos, conhecendo um pouco da época e da região geográfica onde eles viveram e andaram é de fundamental importância para estudarmos e entendermos o Novo Testamento.
Jesus nasceu em Belém da Judéia e viveu em Nazaré até se apresentar ao mundo com o primeiro milagre, realizado na festa de casamento em Caná da Galiléia.
A Galiléia nos tempos de Jesus era como um estado da Palestina, Galiléia é uma palavra transliterada do hebraico (Hagalil) e no grego significa “a província”. Assim Jesus era chamado também de Galileu por ser da província da Galiléia e ao mesmo tempo chamado de nazareno por residir em Nazaré. Apesar de não encontrarmos na Bíblia, Jesus também poderia ser chamado de Belemita, por nascer em Belém da Judéia.
Por residir na Palestina Jesus falava também o Aramaico, mas por ser um Hebreu também falava o hebraico, já que toda criança hebreia deveria ser educada com essa língua, além de acreditarmos que ele falava o grego koiné – grego simples, pois essa língua era predominante na Palestina do tempo de Jesus devido as influências que sofreu dos governos Cesarianos, como também dos Romanos.
Mas o que tudo isso tem a ver com Evangelhos? Bom não pense que a Bíblia é um livro que caiu de paraquedas na história e que tenha sido escrito por um homem só que teve uma ideia brilhante e pronto. A Bíblia é muito mais do que um livro, é a palavra de Deus ao homem e com isso os evangelhos bem como as cartas do Novo Testamento tem um grande efeito nesse fator e suas narrativas mostram em seus textos e contextos a veracidade de Jesus Cristo, o Messias, o Ungido de Deus para salvar o mundo. Assim na veracidade dos testemunhos e relatos contidos nos textos também por sua escrita e linguagem nos leva a entender que o que está escrito nos evangelhos realmente aconteceu.
Quando estudamos os evangelhos vemos que eles são impares na literatura universal e seus relatos tratam de uma mesma realidade narrada apesar de trazerem algumas narrativas diferentes estão sempre ligadas ao mesmo sentido e objetivo.
Todo conteúdo dos evangelhos levam a uma mesma mensagem, que Jesus Cristo é o salvador que veio ao mundo para salvar a humanidade, a mensagem predominante de Jesus era o reino de Deus e o arrependimento.
Estudar os evangelhos é estudar também a vida de Jesus. Claro que precisamos atentar para os textos levando em conta que cada autor seja ele testemunha ocular ou que escreveu o que uma testemunha ocular falou, tem em si estilos literários próprios, porem todos eles apresentam o mesmo Jesus, o Cristo. Dessa forma Jesus é o centro dos evangelhos.
Antes de falarmos de cada evangelho de maneira separada vamos falar dos grupos religiosos da época.
RELIGIOSOS NA ÉPOCA DE JESUS
Os Saduceus: Eles eram uma espécie de elite sacerdotal da época, que detinham o poder de posses de terras, tendo, devido a isso, grande influência política, controlando o sinédrio e o templo, esse grupo negava a imortalidade da alma.
Os Escribas: Na antiguidade esses “escrivãos” tinham reponsabilidade de escrever textos e números e registrá-los, eles escreviam e copiavam, na época tinham grande prestigio, já que a escrita não era dominada por todos, quem era um escriba trabalhava para os reis e governantes. Eles eram também chamados Doutores da Lei, já que interpretavam as escrituras, e eram também de muita influência nas escolas Rabínicas e no sinédrio.
Os Fariseus: esses eram um grupo de Judeus devotos a Torá, eles acreditavam na imortalidade da alma e na ressurreição do corpo e com isso havia entre eles e os Saduceus grande conflito de interpretação das Escrituras. Eles atuavam em diversas camadas sociais e lutavam pela liberdade do povo do governo Romano suas políticas e impostos, por isso odiavam os Publicanos que eram os cobradores de impostos. (Lucas 18:10). Zaqueu foi o publicano mais conhecido por receber Jesus em sua casa. (Lucas 19:2).
Os Zelotes: Esses eram uma seita Judaica que acreditavam na luta armada contra os Romanos. O nome zelote vem de “zelo” eles tinham uma devoção fervorosa, mas ao mesmo tempo extremista. A Bíblia faz referência a um dos discípulos de Jesus chamado de Simão o Zelote, não era Simão Pedro, apesar de Pedro ser no início rigoroso ao ponto de querer defender Jesus com armas. Acredita-se que alguns zelotes converteram-se a Jesus mais possivelmente esperando de Jesus uma política contra os Romanos. Em sua maioria descendiam das camadas mais pobres da sociedade. Simão Zelote também poderia ter sido chamado por Jesus assim pelo seu zelo ou por fazer parte desse grupo anteriormente.
Os evangelhos são chamado de sinóticos ou semelhantes por narrarem quase sempre os mesmos fatos apesar de alguns sermões e textos serem isolados em apenas alguns deles.
O EVANGELHO DE MATEUS
Sobre o autor desse evangelho, alguns atribui a Levi, sendo que este teria escrito o que o apostolo Pedro teria testemunhado. A escrita original segundo a maioria dos estudiosos acredita-se que foi em grego, porem o mais aceito é o idioma hebraico. Seu destino primário seria para o povo de Antioquia, mas expressões como Filho de Davi, reino dos céus e Reino de Deus, reforçam a tese de que estariam destinados para recebe-lo um grande grupo de Judeus que viviam em Antioquia. O fato é que vemos Jesus pregando para toda humanidade, nas bem-aventuranças no sermão do Monte, talvez o maior e mais lindo deles.
Mateus foi o evangelho mais usado pela igreja primitiva para ensinar os discípulos que iam sendo formados.
Com base nisto é só estudarmos o Sermão da Montanha para entendermos a maneira que Jesus queria que vivêssemos.
Este evangelho apresenta Jesus como Rei dos Judeus e sua genealogia sugere sua humanidade.
EVANGELHO DE MARCOS
Alguns estudiosos atribuem a João Marcos porem outros dizem ser o primeiro evangelho primo de Barnabé tendo pelos eruditos a sustentabilidade de ser o primeiro evangelho canônico escrito. Segundo exegetas Marcos teria escrito esse evangelho também por pregações de Pedro. Provavelmente foi escrito entre 60-70 da era Cristã.
Através dos estudos e da literatura, podemos ver também uma característica grande refletida sobre o caráter de Pedro.
O evangelho de Marcos é também o mais breve dos quatros, contendo apenas dezesseis capítulos. Neste evangelho também encontramos relatos vividos por Jesus que não encontramos em Mateus e Lucas. Alguns acreditam que ele foi escrito em Roma.
Os temas principais são o batismo, o deserto, os discípulos, os primeiros milagres, o ministério de Jesus na Galiléia, a confissão de Pedro, a transfiguração, paixão e ressurreição.
Provavelmente quando esse evangelho foi escrito Pedro já estava morto devido as perseguições sofridas pelos cristãos o que impulsionava mais ainda Marcos a relatar suas pregações e testemunho da pessoa de Cristo e a salvação.
A teologia de Marcos também enfatiza o reinado de Cristo.
Provavelmente pelo fato de ser escrito aos Romanos primeiramente, foi omitido a genealogia de Jesus, que posteriormente foi detalhada em Mateus.
É interessante que os estudos levam a crer que os evangelhos não foram escritos em ordem cronológica, mas seu conteúdo nos remete a uma cronologia bíblica de estudos quando os examinamos um por um, fica claro que é melhor e mais fácil estudar a vida e o testemunho de Jesus começando por sua genealogia descrita em Mateus. Deus é mesmo perfeito e vemos que a ordem no Novo Testamento organizadas pelos Eruditos ficou perfeita.
Em Marcos, Jesus é colocado como o grande conquistador vitorioso sobre a tempestade, sobre os demônios e as enfermidades, sendo triunfante em sua ressurreição.
Alguns estudiosos, como os da Igreja Quadrangular atribuem ao Evangelho de Marcos o Jesus que batiza no Espírito Santo, o consolador sempre presente, representado pelo rosto de Leão.
A repetição da parábola do Semeador em Marcos 4:3, contida em Mateus 13:3, mostra a importância do discipulado e da pregação da Palavra, falando também da dificuldade dos variados solos que recebem a semente. Uma grande multidão ouviu a parábola, mas Jesus a explicou somente aos seus discípulos que receberiam também a incumbência de pregar a palavra.
O EVANGELHO DE LUCAS. (O médico grego).
O autor desse evangelho, Lucas também recebe a autoria de Atos dos apóstolos.
Lucas não foi discípulo de Jesus, ele teria sido um companheiro de Paulo na pregação do evangelho, provavelmente escreveu este evangelho nos anos 64-70 d.C.
O tema principal do evangelho de Lucas é Jesus o Salvador divino e grande médico. É nesse evangelho onde estão relatadas a maior quantidade de curas feitas por Jesus, pelo menos dezessete delas. Provavelmente por ser médico, Lucas se preocupou com detalhes que os outros não fizeram no momento de relatar curas realizadas por Jesus, como os detalhes da cura da mulher do fluxo de sangue (Lucas 8:43).
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos”; (Lucas 5:31).
Podemos observar um estilo mais refinado nas escritas de Lucas por ser ele grego, construiu frases com um estilo literário diferente dos outros.
Na resposta dada por Jesus a Jairo, depois que este recebeu a notícia que sua filha estava morta e não devia mais incomodar o mestre, Lucas relata da seguinte forma as palavras de Jesus: “Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe, dizendo: Não temas; crê somente, e será salva.” (Lucas 8:50). Pode parecer uma escrita simples, mais quando Lucas relata que Jesus diz crer somente, na tradução para o grego era o mesmo que Jesus dissesse continua acreditando, em outras palavras não importa o que aconteça, continue acreditando e tua filha será salva da morte. (Crê πιστευω pisteuo. “ter confiança”, Jesus simplesmente disse a Jairo confie em mim.
O evangelho de Lucas proclama as boas novas de que Jesus não apenas afirmou ser o Salvador divino, mas que ele se revelou como o Redentor todo-poderoso que é o Filho unigênito do Pai. Através da ressurreição e da ascensão (24:50-53), Ele finalmente comprovou a veracidade de suas afirmações e o caráter genuíno de sua auto revelação como o Salvador do mundo enviado, aprovado e equipado por Deus (4:17;10:22).
(Bíblia Vida Nova – estudo pag.313)
EVANGELHO DE JOÃO
É muito evidente através dos textos que o discípulo amado “João” é o escritor deste evangelho, provavelmente escrito entre 69-90 d.C.
O propósito deste livro está descrito mais claramente neste versículo: “Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (João 20:30,31)
João se preocupa em mostrar Jesus como o Filho de Deus, o Deus filho, o Jesus divino.
O livro começa dizendo no princípio era o verbo e o verbo era Deus. E no decorrer dos vinte e um capítulos, mostra com clareza a preocupação de Deus com a humanidade, não somente um profeta, mas o Deus encarnado.
Os hebreus esperavam pelo Messias e João se preocupou em detalhar através dos relatos de milagres e sinais que Jesus era o Cristo de Deus.
A pregação que Jesus fez a Nicodemos em João 3, que culmina uma relevância no versículo 16 falando do filho unigênito e da vida eterna a todos que creem por meio do Filho é esplendido.
O estudo da Bíblia Vida Nova nas páginas 313-314, nos dão oito sinais desse Jesus divino. Veja a seguir:
Primeiro Sinal: água e Vinho 2:1-12
Segundo Sinal: Purificação do Templo 2:13-22
FESTA: o Messias no Templo: Páscoa, 2:23-25
Discurso (Nicodemos): Cristo, a fonte da Nova Vida, 3:1-21
Disputa sobre João Batista e Jesus, 3:22-4:3
Discurso (a Samaritana): Cristo, a Água da vida, 4:4-42
Terceiro Sinal: Curando a distância, 4:443-54
FESTA: O Messias no Templo: Páscoa, 5:1
Quarto Sinal: A Cura do Paralitico no Sábado, 5:2-16
Discurso (Escribas e Fariseus): Cristo, o Filho Divino, 5:17-47
Quinto Sinal: Alimentando os Cinco Mil, 6:1-15
Sexto Sinal: Andando sobre a Água, 6:16:21
Discurso (Multidões): Cristo o Pão da Vida, 6:22-59
Discurso (Discípulos): Cristo o Espírito doador da vida, 6:60-71.
FESTA: o Messias no Templo: Tabernáculos, 7:1-52
A mulher apanhada em adultério, 7:53-8:11
Discurso (Fariseus): Cristo a Luz do Mundo, 8:12-30
Discursos (Seguidores professos): Cristo a Fonte da Liberdade, 8:31-59
Sétimo Sinal: Cura do cego de nascença, 9:1-41
Discurso (Fariseus): Cristo o Bom Pastor, 10:1-21
FESTA: O messias no Templo: A dedicação, 10:22-42
Oitavo Sinal: A Ressurreição de Lazaro, 11:1-47
Retira-se para Efraim enquanto os Judeus o esperam, 11:47-54
Jesus Ungido por Maria em Betânia, 11:55-12:11
A grande semana da Paixão, 12:19-42
Entrada triunfal em Jerusalém (Domingo), 12:12-19
Os Gentios buscam Jesus (terça feira), 12:20-36
Os Judeus rejeitam Jesus, 12:37-50
FESTA: o Messias no Templo: a páscoa e a Ceia do Senhor (quinta feira) 13:1-30
Discurso de despedida (Discípulos): O legado de Cristo a seus seguidores, 14:1-16:33
Oração de intercessão, 17:1-26
Traição e aprisionamento no Getsêmane (sexta-feira) 18:1-22
O julgamento de Jesus, 18:13-19:16
A Crucificação e o Sepultamento, 19:16-42
O Senhor ressurreto e sua Família Redimida, 20:1-21:25
O Tumulo vazio, 20:1-18
Outras aparições do ressuscitado, 20:19-21:2
Instruções a seus discípulos, 21:3-23
Post-Scriptum Devocional, 21:24,25
Autor do estudo Dernival Silva com (Citações de estudos da Bíblia Vida Nova de 1976)




